Atividade Física e Gravidez

Atualizado em 27 de julho de 2016
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Um dos temas mais discutidos em se tratando de atividade física e saúde é a prática de exercícios durante a gestação. Sabe-se que a mulher grávida necessita de cuidados especiais no transcorrer de sua gravidez e isto se aplica também aos exercícios físicos.

Muitas são as dúvidas levantadas sobre este tema, sendo a mais comum aquela que aborda quais seriam os procedimentos mais indicados e seguros para a realização de um programa de atividade física. Privilégio anteriormente do sexo masculino, as mulheres passaram recentemente, a representar um importante grupo na prática da atividade física e, embora persistam controvérsias sobre esta prática no período gestacional, a atividade física vem se integrando de forma crescente nesse grupo.

Em décadas passadas, as gestantes eram aconselhadas a reduzirem suas atividades e interromperem até mesmo o trabalho ocupacional, especialmente durante os estágios finais da gestação, acreditando-se que o exercício aumentaria o risco de trabalho de parto prematuro por meio de estimulação da atividade uterina. No entanto, em meados da década de 90, o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), reconheceu que a prática da atividade física regular no período gestacional deveria ser desenvolvida, desde que a gestante apresentasse condições apropriadas.

Segundo pesquisas, as mudanças na sociedade quanto aos direitos de cidadania relativos à posição das mulheres, que se fortaleceram através de movimentos sociais nos anos sessenta, refletiram-se também na assistência pré-natal, ampliando as estratégias implementadas no atendimento, o que contribuiu para que o exercício físico ganhasse ênfase.

Muitos são os benefícios provocados pela prática de atividades físicas durante a gestação. Sabe-se que o exercício reduz e previne as lombalgias. A causa das dores é a exacerbação da lordose que existe fisiologicamente. Essa hiperlordose comumente surge durante a gestação em função da expansão do útero na cavidade abdominal e o conseqüente desvio do centro gravitacional.

Nestes casos, o exercício físico contribuirá para adaptação de nova postura física, refletindo-se em maior habilidade para a gestante durante a prática da atividade física e do trabalho diário. Na ocorrência de dores nas mãos e membros inferiores, que geralmente acontece por volta do terceiro trimestre, frente à diminuição da flexibilidade nas articulações, a prática da atividade física regular direcionada durante a gestação terá o efeito de minimizá-las, possivelmente por promover menor retenção de líquidos no tecido conectivo.

A atividade cardiovascular durante a gestação se eleva comparada ao período não gestacional. No entanto, com a prática regular de exercícios físicos reduz-se esse estresse cardiovascular, o que se reflete, especialmente, em freqüências cardíacas mais baixas, maior volume sangüíneo em circulação, maior capacidade de oxigenação, menor pressão arterial, redução do risco de diabetes gestacional e prevenção de trombose e varizes.

Para que a futura mãe consiga essas adaptações fisiológicas benéficas durante sua gravidez, alguns cuidados sugeridos pelo American College of Obstetricians and Gynecologists devem ser levados em consideração. São eles:
• Faça exercício pelo menos 3 vezes por semana, durante um mínimo de 20 minutos de cada vez. Evite sessões de exercícios intensos seguidos de longos períodos de inatividade.
• Evite exercícios que a obriguem a deitar-se de barriga após o terceiro mês de gravidez.
• Evite longos períodos em pé sem se mexer.
• Evite exercício intenso em ambientes quentes, úmidos ou se tiver febre.
• Se sentir que algo não está bem durante um determinado exercício, não o faça.
• Evite movimentos ou atividades com impactos freqüentes ou violentos.
• Utilize um soutien que dê um bom apoio e proteja convenientemente o seu peito. É natural que tenha de comprar tamanhos maiores durante a gravidez.
• Use calçado apropriado, de modo que os pés e tornozelos estejam bem protegidos e não escorreguem.
• Lembre-se que o seu centro de gravidade, e, por conseguinte o seu equilíbrio, muda durante a gravidez, devido ao peso crescente do bebe.
• Evite exercícios em que tenha de dobrar demasiadamente os joelhos, levantamentos simultâneos das duas pernas e saltos com as pernas esticadas (as pernas devem amortecer a queda).
• Comece sempre com 5 minutos de marcha lenta ou bicicleta estática com pouca resistência, para aquecer bem os músculos. O exercício mais intenso não deve exceder os 15 minutos seguidos.
• Após o exercício mais intenso faça 5 a 10 minutos de atividade gradualmente menos intensa, que deve terminar com exercícios suaves de relaxamento muscular e alongamentos (“stretching”).
• Monitore seu ritmo cardíaco durante as fases de exercício mais ativo. O ideal é que não exceda as 140 pulsações por minuto.
• Após um exercício no chão, levante-se lentamente para evitar vertigens. Após estar de pé, ande durante um ou dois minutos.
• Beba água antes, durante e após a sessão de ginástica. Lembre-se que o seu corpo necessita de estar hidratado.

• Pare o exercício e consulte o seu médico se sentir algum dos seguintes sintomas:
a. Dor
b. Hemorragia vaginal
c. Vertigens ou desmaio
d. Falta de ar
e. Batimentos cardíacos irregulares ou excessivamente rápidos (mais de 160)
f. Dificuldade em andar
g. Dores nas costas ou zona do púbis
h. Contrações uterinas

Por fim, é necessário que antes de se dedicar a prática da ginástica ou qualquer outra forma de exercício, a gestante consulte o seu médico a fim de saber se eventualmente existem contra-indicações às atividades físicas específicas. Isto é válido, sobretudo, nos casos em que a grávida não tem hábitos de exercício regulares.

Equipe SportsLab
www.sportslab.com.br
-Dr. Sérgio Dias Reis
-Dr. Rogério José Neves
-Dr. Paulo Sérgio Barone
-Prof. Daniel Barsottini