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Instituto Cohen: cuidados com o uso do salto alto

Os profissionais do Instituto Cohen, em São Paulo, respondem algumas das principais dúvidas femininas com relação ao salto alto, e explicam os prejuízos que o uso contínuo pode trazer à saúde feminina.

1- Quais são os efeitos fisiológicos nos membros inferiores decorrentes do constante uso do salto alto?
Na realidade, os efeitos decorrentes do uso do salto alto são uma “cascata” de intercorrências que podem exacerbar alguns sintomas já característicos de cada pessoa, como acarretar novos problemas. O fato de você ficar no salto alto, o corpo é obrigado a se deslocar um pouco para frente deslocando o centro de gravidade para uma área mais anterior (para frente) do corpo, exigindo que o mesmo compense este desequilíbrio. Como é deselegante andar de salto com os pés mais afastados, a mulher hiperextende os joelhos sobrecarregando a articulação femoropatelar (articulação da patela com o fêmur) e aumenta a lordose lombar, o que conhecemos como hiperlordose podendo ter como consequência problemas subseqüentes, como lombalgia, hérnia de disco e até o escorregamento de vértebras, conhecido como listese.

2- Que problemas o salto causa especificamente nos joelhos?
O joelho consiste em duas articulações, do fêmur com a tíbia e do fêmur com a patela. Esta segunda, conhecida como articulação femoropatelar, tem como característica funcional uma força que atua na patela para que ela se lateralize, ou seja, que ela saia para fora do joelho, mais exacebrado nas mulheres por características anatômicas, e quando você hiperextende o joelho e caminha muito ou fica muito tempo no salto, esta força é aumentada podendo causar dor e até uma afecção ortopédica conhecida como disfunção femoropatelar, com consequências associadas como tendinite patelar, tendinite de pata anserina e encurtamento de cadeia posterior (músculos de trás da coxa).

3- Existe uma margem segura de altura do salto, para que as mulheres possam usar com menos riscos?
É muito difícil afirmar que há uma margem de segurança, pois há muitas mulheres que pelo hábito muito precoce de uso de salto alto desenvolvem características de proteção e adaptação, minimizando os riscos do uso do salto. Mas para a grande maioria, a recomendação é que façam uso em momentos muito pontuais, não tendo o hábito, pois os problemas poderão surgir e são de difícil evolução caso sejam negligenciados.

4- O fato de os dedos ficarem espremidos na frente, em caso de sapatos de bico fino, prejudica a maneira de andar?
Como característica básica, o calçado deve estar confortável no seu pé e ficar com os dedos espremidos na frente, além de perder a funcionalidade do que o calçado tem como proposta, pode acarretar o hálux valgo, mais conhecido como joanete e o Neuroma de Morton, que é uma pequena massa que se forma ao redor do nervo plantar comum, aquele que passa em baixo do pé, causando dor persistente e muitas vezes o tratamento é cirúrgico.

5- Em relação à postura e coluna, o salto causa malefícios?
Pelo fato do centro de gravidade ter se deslocado anteriormente, todos os músculos posturais que tem a função de manter o corpo ereto são obrigados a “trabalhar” mais para manter esta posição ortostática, e isto pode trazer consequências não muito favoráveis.

6- Uma mulher que é obrigada a usar salto todos os dias pode ter o movimento da corrida afetado? A biomecânica muda?
Não necessariamente, pois mesmo que ela use muito salto alto, qualquer situação que a coloque na posição mais fisiológica, já lhe é favorável. Dificilmente a mulher pode modificar a biomecânica da corrida por ter ficado muito tempo com o peso deslocado.

7- Existe algum caso em que o salto é indicado?
Existem sim. Há problemas onde há uma sobrecarga no tendão do calcâneo (tendão de Aquiles) para o qual a indicação de um pequeno salto, e que jamais deve exceder a 4cm, favorece a biomecânica do tendão, minimizando as forças de cisalhamento, deixando-o em uma posição mais confortável.

8- Qual é a melhor opção para diminuir os danos em mulheres que trabalham em um ambiente social e precisam usar sapatos desse tipo?
Desenvolver condições para que o corpo se adapte mais facilmente a estas alterações descritas anteriormente e principalmente que os músculos se tornem mais tolerantes a este esforço. Isto se consegue com um bom alongamento de cadeia posterior, músculos posteriores da coxa, um bom fortalecimento de quadríceps, enfatizando um músculo conhecido como vasto medial oblíquo e procurar sempre que puder, descer do salto.

Confira os antigos anteriores do Instituo Cohen:
Quando você deve ir a uma clínica da dor?

Atenção às lesões no punho.
Lombalgia Mecano-Postural.    
Suplementos proteicos: usar ou não usar.
A história dos calçados e tênis.
Modismos nos pés dos corredores. 
A importância da flexibilidade.
A importância do alongamento no esporte e no dia-a-dia.
A atuação da fisioterapia nas tendinopatias.
Prevenção às lesões e quedas na terceira idade.
Como evitar a hipertermia nas atividades físicas.
Diferenças nos exercícios.
Síndrome da banda íliotibial em corredores 
Você sabe o que é condromalácea patelar? 
Treino de salto para melhora do desempenho esportivo
Hidroterapia: complemento para vários treinamentos. 
RPG: a prevenção da Reeducação Postural Global.  
A biomecânica da corrida e suas cinco fases.
A sensação da dor no treinamento.
A utilização do gelo em lesões ortopédicas.
O lado emocional da lesão esportiva.
Correr sem lesões está no nosso DNA.
Importância da avaliação biomecânica da corrida. 
Canelite no corredor: causas e tratamentos.
Você sabe o que é Neuroma de Morton?
Corridas e Lesões: as principais causas.

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