Respiração correta na natação: o início de tudo

Atualizado em 13 de junho de 2017
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Falar da respiração correta e de sua importância na natação pode parecer óbvio, mas não é. Foi constatado que alguns equívocos são cometidos por grande parte dos nadadores nas adaptações respiratórias necessárias ao correto desenvolvimento das habilidades básicas (flutuação, imersão, etc.) e específicas (os quatro nados propriamente ditos) na água.

Esses equívocos fazem com que o controle respiratório, muitas vezes, seja assimilado de forma errada, o que trará posteriormente sérias limitações à aprendizagem dos nados.

Diversas dificuldades que alunos mais adiantados apresentam no aprendizado dos nados podem decorrer de uma respiração ineficaz, ou seja, para não sufocar em pleno nado ou para sentir menos cansaço, os alunos tendem a distorcer a coordenação e o ritmo do nado a seu favor.

Vamos a pelo menos quatro desses erros:

1° erro: controle respiratório é assunto da iniciação (nível 1).

O controle respiratório é, de fato, abordado pela primeira vez no nível 1, mas ele é assunto relevante para os primeiros 12 ou 18 meses de aula. A conquista, por exemplo, de uma boa apneia inspiratória e de uma boa expiração submersa são objetivos típicos do nível inicial, mas a correta fixação e o domínio desta habilidade leva vários meses, principalmente em se tratando de diferentes movimentos, diferentes decúbitos e diferentes nados.

2° erro: na natação, a inspiração deve ser pela boca e a expiração é livre (boca/nariz).

Quando estamos na água, tão importante quanto uma inspiração bucal e uma expiração quase que exclusivamente nasal, ou seja, na água há uma inversão total da mecânica respiratória terrestre: deve-se inspirar pela boca e expirar pelo nariz.

Tolerâncias com a expiração devem ser aplicadas apenas e tão somente em alunos com dificuldades muito especiais de nariz, como desvio de septo nasal, adenóides hiperplásicas, rinites alérgicas, etc. E, além disso, muito cedo, deve-se trabalhar a dinâmica correta também: inspira-se pela boca (rapidamente) e expira-se pelo nariz (lentamente).

 

 

3° erro: expirações submersas na borda da piscina são uma atividade essencialmente de descanso.

Não que isso seja falso, mas falta aí enxergar talvez a principal razão desta atividade tão comum nas aulas: a repetição e a consequente automatização da mecânica respiratória correta, que ao longo do aprendizado será agregada à técnica dos diferentes nados.

Portanto, quando o aluno pratica essas respirações, deve-se dosá-las em número para que o aluno descanse da atividade anterior, mas também deve-se acompanhar com atenção a sua execução e verificar se a mecânica e a dinâmica estão sendo executadas corretamente.

4° erro: uma vez aprendida e automatizada, a respiração pode ser “encaixada” facilmente nos nados.

A correta aprendizagem dos nados exige que, quando o assunto é respiração correta, isso seja relacionado sempre à respiração técnica daquele nado com as respirações praticadas na borda (citadas no 3º equívoco). E este processo, além de explícito (ou seja, é preciso falar dessa relação diversas vezes), não é simples: leva tempo, exige concentração por parte do aluno e perseverança e vigilância dos professores.

É claro que o fenômeno conhecido em Aprendizagem Motora como transferência facilitará a vida dos alunos que melhor executam a respiração na borda, mas isso não significa que quem “respira” bem na borda o fará necessariamente em deslocamento na água.