Técnicas de natação: como ganhar tempo nas entradas e saídas

Atualizado em 20 de abril de 2016
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No triathlon, para desespero de muitos ex-nadadores, a natação não se limita a um tiro com distância entre 750 e 3.800 metros. Entradas, retornos e saídas são momentos críticos da prova, pois definem os grupos que nadarão e pedalarão juntos, e podem até mesmo excluir da briga pela vitória atletas muito bem preparados fisicamente. A natação em águas abertas pode ser realizada em lagos, rios, no mar ou até em canais artificiais.

No Brasil, a maioria das grandes provas ocorre no litoral, sendo a etapa realizada no mar, com saída na praia. Quanto mais curta a prova, maior a importância de realizar uma boa largada e posicionar–se em um bom grupo, ao passo que nas provas longas o principal é manter um ritmo controlado, sem se desgastar excessivamente nos trechos de areia.

Segundo a sair da água nas Olimpíadas de Atenas 2004, o ex-triatleta e hoje treinador Paulo Miyasiro sempre foi um mestre nas entradas e saídas da natação. Natural de Santos/SP, ele domina como poucos a técnica da golfinhada e o popular “jacaré”, e a seguir conta alguns dos seus segredos para um bom desempenho nessas situações.

Correntes

O ponto mais importante da natação em águas abertas é identificar a presença, o sentido e a intensidade de eventuais correntes. Utilize a corrente para ajudá-lo a chegar até a boia e depois de volta à areia o mais rápido possível — não chegue perto da boia tendo que nadar contra a corrente para contorná-la. Para isso, entre na água antes da largada e verifique a força e o sentido das correntes. Durante a visualização das boias, mire na direção oposta à da correnteza: se ela estiver empurrando para fora, o atleta deve nadar mirando o lado interno na boia, e vice-versa. Assim, o próprio fluxo da água se encarregará de acertar sua direção.

Arrebentação

A segunda questão a ser observada envolve a presença de ondas e o local da arrebentação. Na entrada, é interessante correr o máximo possível — até que a água atinja a altura das coxas, aproximadamente. Então, comece a golfinhar até que a água esteja na altura do peito ou que ele passe a linha da arrebentação — quando, então, deve-se começar a nadar. Confira abaixo o passo a passo da técnica da golfinhada:

– Quando a onda se aproximar, salte e mergulhe de ponta, com os braços sobre a cabeça, em direção ao fundo do mar;

– Quando suas mãos tocarem a areia, preferencialmente abaixo da parte submersa da onda, agarrese ao chão para evitar que a onda o leve para trás;

– Traga o corpo para junto das mãos, apoiando os pés na areia e empurrando para cima e para frente, ligando este salto ao próximo movimento com uma braçada de nado borboleta;

– Repita até que a água esteja profunda o suficiente para iniciar o nado.

Saída

Na saída da água, seja para um retorno ou a caminho da área de transição, as golfinhadas também devem ser utilizadas — no entanto, é preciso saber a profundidade adequada para começá-las, fazendo o reconhecimento do local. Se o mar estiver com ondas, é possível pegar um “jacaré” até a areia, o que proporcionará uma enorme vantagem sobre os competidores que estiverem nadando. O segredo é pegar a onda quando ela estiver se formando, antes de ela estourar. Quando sentir que a ondulação começou a puxar para o fundo do mar, acelere as pernadas e estique o corpo, com os braços à frente e o tronco e a cabeça baixos, como se fosse uma prancha. Alguns atletas preferem ficar com a cabeça alta, olhando para a frente, mas o ideal é levantar o rosto só para respirar, mantendo assim uma posição mais hidrodinâmica.

(Matéria publicada na revista VO2 Bike, edição 103, maio de 2014)