A importância do cálcio

Atualizado em 21 de janeiro de 2019
Mais em Nutrição

Por Daniel Balsa

Desde de pequeno ouvimos que devemos tomar leite porque faz bem para os ossos, o que de fato é verdade. O leite, assim como seus derivados (queijo e iogurte, por exemplo), é uma fonte de cálcio, um dos elementos mais abundante no corpo humano, por sua presença na formação óssea.

Brócolis, couve, couve-flor, repolho, verduras verde escuras (com exceção do espinafre, que contém um alto teor de ácido oxálico), algas marinhas, gergelim integral, amêndoas e feijão são exemplos de outras fontes deste importante elemento para o ser humano, principalmente para quem pratica exercícios físicos, já que a deficiência do cálcio pode levar a osteoporose, na qual os ossos se deterioram e há um aumento considerável no risco de fraturas.

O ciclismo, por exemplo, é um exercício físico que auxilia na fixação do cálcio em nossos ossos. Entretanto, este elemento não é importante apenas para a formação óssea. O cálcio também atua na coagulação sanguínea e agregação plaquetária, desempenhando um papel fundamental na contração muscular e tem a função de manter e preservar a massa magra do corpo.

“A contração muscular é regulada pelo nível de íons cálcio no citoplasma. O potencial de ação (impulso elétrico) libera o cálcio armazenado no retículo sarcoplasmático, localizado no músculo. O cálcio, então, flui para dentro do citoplasma, local onde se encontram os filamentos de actina e miosina. Os íons cálcio se ligam às moléculas do complexo troponina-tropomiosina. Ao se ligarem, a troponina altera sua forma e desliza a tropomiosina para fora, expondo os sítios de ligação actina-miosina. A actina e a miosina interagem promovendo a contração muscular. Após o potencial de ação ter passado, as bombas de cálcio localizadas no retículo sarcoplasmático removem o cálcio do citoplasma e o músculo relaxa”, explica a nutricionista Daniella Barbosa, da Essência Nutricional.

O cálcio também ajuda a regular a pressão sangüínea, além de auxiliar o controle da hipertensão, problema que atinge um a cada cinco brasileiros, segundo estimativas.

“Este elemento pode reduzir a pressão arterial em indivíduos com hipertensão sódio-sensível. Por ter efeito natriurético (peptídeo relacionado com a diminuição da pressão arterial), quando o cálcio sai da célula, leva o sódio com ele, portanto abaixa a pressão”, conta Daniella.

A nutricionista Bruna Chiarella ainda fala sobre a relação que o cálcio tem no processo de transmissão de impulsos nervosos por parte do sistema nervoso central, que tem papel fundamental no controle dos sistemas do corpo humano.

“Quando um neurônio vai enviar sua mensagem, ele se conecta a outra célula e a sinapse é feita. Entre eles, está a fenda sináptica, que permite a rápida difusão de um neurotransmissor a partir da célula transmissora (pré-sináptica) para a célula receptora (pós-sináptica). Quanto mais cálcio entrar nesta fenda, maior quantidade de neurotransmissores – responsável por enviar informações do neurônio para outras células – serão liberados para transmitir os impulsos nervosos”, fala a nutricionista.

Diante dos diversos benefícios do cálcio, Chiarella adverte para o consumo deste elemento acima do permitido, segundo a Ingestão Dietética de Referência (DRI). O nível máximo tolerável é de 2.500 mg ao dia, tanto para homens quanto para mulheres.

“Isso pode prejudicar o estado nutricional de ferro, magnésio, fósforo e zinco, pois o cálcio inibe a absorção do mesmo. Também pode causar um desconforto gastrintestinal, pois é comum observar constipação, dores abdominais e excesso de formação de gases”, disse.

Daniella Barbosa ainda alerta para a ingestão de cálcio em grandes quantidades na forma de suplementos, o que pode acarretar na hipercalcemia – concentração sanguínea de cálcio anormalmente elevada.

“Quando grave, a hipercalcemia resulta em tônus muscular frouxo, constipação, grandes volumes urinários, náusea, confusão, coma e morte”, encerrou.