Benefícios da taurina no organismo

Atualizado em 29 de junho de 2017
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A taurina, ou ácido beta aminosulfônico, é um composto final do metabolismo dos aminoácidos sulfurados (metionina e cisteína) e sua síntese, a partir destes aminoácidos, ocorre através de uma sequência de reações enzimáticas de oxidação e transulfuração que requerem a participação da vitamina B6 como co-fator.

Pode ser tanto produzida pelo organismo humano (no fígado e no cérebro) como obtida pela alimentação, sendo verdadeira a relativa dependência humana da taurina dietética (Huxtable, 1992; Lajolo & Tirapegui, 1998; Newsholme & Leech, 1983).

Este aminoácido é usualmente adicionado às bebidas energéticas e, nos alimentos, a maior concentração de taurina ocorre, principalmente, em alimentos de origem animal como peixes, frutos do mar (mariscos, ostras), aves (carne escura de frango e peru) e carne bovina e e em alguns alimentos de origem vegetal (beterraba, nozes, feijão), porém, em menor quantidade (Laidlaw, Grosvenor & Kopple, 1990; Huxtable, 1987; Pasantes- Morales et al., 1989).

A taurina é o segundo mais abundante aminoácido livre no leite humano (Sarwar, 1998). O leite em pó infantil básico e o leite normal contém pouca ou nenhuma taurina (Gaull, 1989; Sturman & Chesney, 1995; Huxtable, 1996; Sturman, 1993) e por esta razão a Food and Drug Administration dos Estados Unidos, em 1984, permitiu a adição de taurina no leite em pó infantil numa concentração de 50mg/l, sendo esta suplementação agora uma prática padrão em quase todo o mundo.

Benefícios

Até alguns anos atrás, a principal função da taurina estava relacionada com a formação de ácidos biliares, necessários para absorção de lipídios. No fígado, a taurina é conjugada à ácidos biliares para formar os sais biliares, os quais são excretados na bile. Os sais biliares conjugados com a taurina são eficientes detergentes e bastante solúveis em água e, portanto, têm grande capacidade de emulsificar as gorduras dietéticas. Atualmente, existem evidências que a taurina participa de várias outras funções fisiológicas importantes:

  • Tem ação osmorregulatória;
  • Auxilia no desenvolvimento do sistema nervoso e neuromodulação;
  • Ação antioxidante, combatendo os radicais livres que danificam as membranas celulares;
  • Ação desintoxicante, facilitando a excreção de substâncias pelo fígado que não são mais importantes ao corpo;
  • Fortalece e aumenta a força das contrações cardíacas e protege as células do coração;
  • Diminui a pressão sanguínea de pacientes hipertensos;
  • Estabiliza os níveis de colesterol no sangue;
  • Pode beneficiar pacientes com doença hepática, como a hepatite aguda;
  • Auxilia na estabilização das células da retina, protegendo as células fotoreceptoras da retina e regulando a pressão osmótica do olho;
  • Age como modulador do crescimento, prevenindo retardo de crescimento infantil;
  • É essencial para o normal desenvolvimento de recém-nascidos, e por esse motivo, é adicionada à fórmulas infantis comerciais.

 

 

Recomendações e toxicidade

Não existem recomendações diárias estabelecidas para este aminoácido, mas segundo alguns estudos, as necessidades diárias são estimadas em torno de 3 a 6 gramas/dia.

Não há relatos na literatura de toxicidade por ingestão excessiva de taurina. Não foram observados efeitos adversos em indivíduos que receberam doses orais diárias de taurina variando de 3-6 gramas durante seis meses.

D- Agnol Consultoria Nutricional

Tatyana Dall- Agnol
Mestre em Atividade Física e Saúde (UCB/DF), especialista em Nutrição e Metabolismo (UNIFESP/SP) e Nutrição para o Fitness e Alto Rendimento (UNIFOA/RJ)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
– Huxtable, R.J. Physiological Actions of Taurine. Physiological Reviews, 72 (1): 101-163, 1992.
– Lajolo, F.M & Tirapegui, J. Proteía e Aminoácidos. In: Ciências Nutricionais. JE Dutra de Oiveira & JS Marchini, eds. SÃo Paulo: Sarvier, 1998. p. 41-69
– Newsholme, E.A & Leech, A.R. Biochemistry for the medical sciences. Chichester: John Wiley & Sons, 1983. 952p.
– Laidlaw, S.A., Grosvenor, M., Kopple, J.D. The taurine content of common foodstuffs. J.Parenteral Enteral Nutr. 14: 183-188, 1990.
– Huxtable, R.J. From heart to hypothesis: a mechanism for the calcium modulatoruy actions of taurine. Adv. Exp. Biol. Med, 217: 371-387, 1987
– Pasantes- Morales, H.; Quesada, Q.; Alcocer, L.; Olea, R.S. Taurine content in foods. Nutr. Report Intern, 40: 793-801, 1989.
– Sarwar, G.; Botting, H.; Davis, T.; Darling, P.; Pencharz, P. (1998). -Free amino acids in milks of human subjects, other primates and non-primates. Br. J. Nutr. 79(2): 129-131.
– Gaull, G. Taurine in pediatric nutrition: Review and update. Pediatrics, 83: 433-442. 1989.
– Sturman, J. A.; Chesney, R.W. Taurine in pediatric nutrition. Pediatric Nutrition, 42: 879-897, 1995.
– Huxtable, R.J. Biochemistry of Sulfur. P.121. Plenum, New York, 1986.
– Sturman, J. A. Taurine in development. Phys. Rev, 73: 119- 147, 1993