É errado correr em jejum?

Atualizado em 22 de julho de 2016
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Sim!
Períodos prolongados de jejum resultam inevitavelmente em uma resposta de estresse por parte do organismo. Além disso, há os efeitos do cortisol, o hormônio do estresse, responsável por mandar o corpo armazenar gordura, e do glucagon, desencadeando um processo  de preservação do tecido adiposo de queima de massa magra. Consequentemente, você queima menos gordura.

Ainda assim, é comum encontrar pessoas que partem para os treinos sem comer nada, na ilusão de que isso elevaria a queima de gordura. O que muitos ignoram, porém, é que, a partir de certo momento do treino, o corpo começa a queimar a massa magra, com finalidade de fornecer energia. Além de sofrer perda muscular e acumular gordura gordura, o que não é nada recomendado para quem pratica atividades físicas, o atleta que corre de estômago vazio fica suscetível a uma série de problemas, como falta de disposição, desânimo, visão turva, cansaço, tontura, vômitos e até desmaio. Ficar em jejum antes de correr, portanto, pode apresentar resultados indesejáveis.

Ao contrário, fazer um lanche pouco antes da atividade física – e outro logo depois – acelera o crescimento e a recuperação dos músculos. É claro que o que você vai comer antes da corrida depende do seu tipo de treinamento (em especial da duração) e dos seus hábitos alimentares. Pães, massas, biscoitos integrais e torradas de geleia, frutas e sucos são as opções mais indicadas.

Logo após o treino, o cardápio pode ser ainda mais variado, já que é aí que o corpo se recupera da atividade. Dê preferência a carboidratos de alto índice glicêmico, como banana, melancia, abacaxi, purê de batata, pão branco de trigo, macarrão, arroz. Já com relação às proteínas, fique com os ovos e as carnes magras. O auxílio de um nutricionista esportivo pode ser ideal para conseguir resultados que busca.

Por Renata Rodrigues de Oliveira
Nutricionista, com especialização em nutrição clínica e em fisiologia do exercício avançado, atende o Instituto Mineiro de Endocrinologia e é coordenadora do setor de Nutrição do Soul Zen Spa.

Não!
Pessoas preocupadas em perder gordura localizada no abdômen costumam partir direto para um exercício aeróbico, como a corrida. Mas aí vai uma informação: nosso corpo não foi feito para utilizar gordura como fonte de sobrevivência. O que o organismo utiliza primeiro na corrida é glicogênio, seguido de massa muscular e, aí sim, a tão indesejada gordura. Mas isso não quer dizer que o corredor deva partir para a atividade cheio de carboidrato e com o glicogênio lá em cima. Quando isso acontece, o resultado é a ocorrência daquilo que chamamos de catabolismo muscular – que é perda de massa muscular por excesso de atividade.

O que eu recomendo é uma prática simples: correr em jejum em baixa intensidade, pela manhã. Apesar de muitos acharem que isso pode resultar em uma perda maior de massa muscular, o que acontece na verdade é que – estando bem hidratado – você obriga o seu organismo a utilizar a gordura como fonte primária de energia. Assim, evita o catabolismo.

Isso ocorre  porque, no período de jejum, os estoques  de glicogênio estão em baixa e o corpo é obrigado a queimar gordura. A eficácia desse método foi comprovada pela ciência, como prova um estudo publicado no Journal Applyied of Physiology, que concluiu que esta é a melhor forma de eliminar o tecido adiposo e perder o mínimo de massa muscular.

Ao acordar, antes de começar a correr, tome 500 ml de água. Seu treino pode durar de 30 a 45 minutos e deve ser feito com velocidade baixa a moderada, para queimar mais gordura. O ideal é fazer essa opção apenas nos dias de treinos regenerativos. Para os iniciantes, a corrida deve ser ainda mais leve, com duração de no máximo 15 minutos. Caso sinta tonturas, tenha sempre algo doce em mãos para comer e interrompa o exercício imediatamente.

Por Rafael Bracca
Graduado em educação física, em nutrição e pós-graduado em nutrição ortomolecular, é consultor técnico da Integralmédica e coordena uma equipe de consultoria técnica individualizada.
(Matéria publicada na revista O2 nº109 de maio de 2012)