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Gelatina: a nova superfood?

Atualizado em 03 de novembro de 2017
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A última superfood que está pipocando no mundo dos esportes não é derivada da chia, nem de algum fruto de uma árvore rara da Amazônia. Ao contrário, é uma velha conhecida: a gelatina. Este ano, um time de pesquisadores publicou um artigo que sugere que doses diárias do ingrediente combinadas com séries intensas e rápidas de exercício poderiam ajudar a fortalecer tendões, ligamentos, ossos e cartilagens.

A gelatina contém prolina e glicina, aminoácidos que atuam na composição do colágeno, presente nos tecidos dos seres vivos. Esses componentes são importantes para a formação do nosso corpo, para a condição da pele, do cabelo, das unhas e o fortalecimento do sistema imunológico. A glicina também tem propriedades anti-inflamatórias, ajudando na cicatrização. 

Os resultados ainda são preliminares, mas atletas profissionais já estão olhando para a gelatina de uma forma diferente. Será que ela pode acelerar a reabilitação de lesões no esporte? Os rumores iniciais são encorajadores.

 

O estudo

A ideia de estudar a gelatina veio de Keith Baar, que dirige o Laboratório de Biologia Molecular Funcional da Universidade da Califórnia.

Durante muitos anos, tendões e ligamentos foram vistos como uma coleção de cordas e bandas elásticas, principalmente inertes, responsáveis por manter ossos e músculos juntos. Mas não se sabia que dava para ajudá-los a se tornarem mais fortes e resilientes, manipulando o colágeno que os forma. 

Baar e seus colegas desenvolveram “ligamentos manipulados”, tecidos cultivados em laboratório que podem ser esticados para investigar quais fatores influenciam o risco de lesão.

E a prática do exercício físico parece ser um fator preponderante para reforçar os tendões e ligamentos, desde que ele seja feito em séries rápidas e intensas. Ao contrário dos músculos, que podem se beneficiar de horas de exercício, o tecido conjuntivo obtém os estímulos necessários com cinco a dez minutos de exercício. Depois disso, não há benefício adicional até que haja, ao menos, seis horas de descanso.

 

Combinação de gelatina com vitamina C

O que você come também pode fazer a diferença. Baar descobriu que uma combinação de vitamina C e um aminoácido chamado prolina ajudava a aumentar a quantidade de colágeno produzida em tecidos conjuntivos. E a gelatina é uma das fontes mais ricas em prolina. 

Trabalhando com Gregory Shaw, do Instituto Australiano do Esporte, Baar juntou essas informações e fez um teste cego com oito homens. Publicada no American Journal of Clinical Nutrition, a pesquisa analisou os oito homens depois de pularem corda durante 6 minutos, em um ritmo intenso, três vezes ao dia, com pelo menos seis horas de descanso entre as sessões. Uma hora antes de cada sessão, eles bebiam uma mistura de gelatina e vitamina C que a equipe preparou.

 

 

No estudo, os cientistas utilizaram de cinco a 15 gramas de gelatina na mistura ingerida antes dos exercícios. Exames de sangue dos participantes mostraram que as taxas de síntese de colágeno tinham duplicado.  Mas essa estratégia pode ser usada fora do laboratório? 

“Nós temos apenas evidências anedóticas até agora”, reconhece Barr, que cita histórias de sucesso individuais de jogadores que conseguiram voltar rapidamente à ativa depois desse tratamento com gelatina. Alguns especialistas levantaram a questão de o protocolo desencadear apenas o crescimento superficial de colágeno.

Mas 15 gramas de gelatina é muita gelatina. Você precisaria de cerca de oito porções, o que forneceria aproximadamente 150 gramas de açúcar. Em vez disso, Baar afirma que é melhor misturar cerca de uma colher e meia de sopa de gelatina pura em uma bebida qualquer.

 

Mini-treinos

Os treinos para fortalecer o tecido conjuntivo devem ser rápidos, de até dez minutos de duração, com intervalos de seis horas entre eles. O tipo de exercício também deve ser considerado, já que deve atingir o tecido que você está preocupado.

Segundo Baar, saltar ou pular corda estimula o crescimento ósseo, por isso pode ser a escolha certa se você teve fraturas de estresse. Se você tem uma lesão no tendão de Aquiles, aponte a ponta dos pés para o alto enquanto se apoia no calcanhar por 30 segundos, pause por 30 segundos e repita de três a cinco vezes.