O que você precisa saber sobre os BCAAS

Atualizado em 16 de outubro de 2018
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Por Priscila Di Ciero

Os BCAAs (sigla em inglês para Branched Chained AminoAcids) são os aminoácidos de cadeia ramificada – L-leucina, L-isoleucina e L-valina – que são bastante estudados no quadro de instalação de fadiga central durante os exercícios prolongados. Muito utilizado por praticantes de exercícios aeróbicos, o BCAA complementa dietas de maratonistas, corredores, ciclistas e nadadores, principalmente pela hipótese de se controlar a FADIGA CENTRAL (durante treinos longos haveria um aumento da captação de L-triptofano pelo hipotálamo, resultando num aumento da síntese do neurotransmissor serotonina. Essa concentração maior de serotonina no hipotálamo poderia desencadear o processo de fadiga, e os BCAAs competem com a entrada do L-triptofano dentro do cérebro).

Alguns estudos com os BCAAs mostram efeitos na síntese protéica também, e por isso, passaram a ser consumidos por praticantes de exercícios resistidos. Níveis elevados de BCAA são necessários em período de maior necessidade energética, como estados de jejum ou exercícios prolongados. A L-isoleucina e a L-valina estão diretamente relacionadas com a produção de energia durante o exercício. Já a L-leucina, que vem sendo bastante elucidada na ciência por seu importante papel no mTOR (sigla de mammalian target of rapamycin, que é uma proteína envolvida na síntese de proteínas a nível celular, tendo participação direta na transcrição do DNA e tradução do RNA mensageiro, estimulando a síntese protéica) precisa estar em quantidades ótimas no sangue para que a síntese de músculos ocorra com eficiência!

A L-leucina tem papel na ativação no crescimento muscular, não porque somente faz parte das proteínas construtoras, mas porque estimula a sua síntese, além de estimular a síntese de insulina pelo pâncreas, hormônio com potente efeito anabólico e importante na hipertrofia muscular.

Ainda não existe um consenso na literatura sobre os benefícios reais e consistentes à performance esportiva com o uso do BCAA, porém, com seu uso, a organismo acaba evitando a queda da glutamina, um aminoácido com papel na manutenção da imunidade, dentre outros benefícios.

Além disso, durante a prática de exercícios, os BCAAs são os aminoácidos mais oxidados, isso com a intenção de ajudar a manter os níveis de energia estáveis (seu corpo degrada esses aminoácidos para oferecer mais carbono como fonte direta de energia, e nitrogênio para o processo de neoglicogênese, formação de energia a partir de outros compostos, como os músculos), e para suprir a demanda durante os treinos o corpo busca esses aminoácidos no tecido muscular, criando uma situação CATABÓLICA (desgaste energético dos músculos), já que os BCAAs perfazem mais de 30% dos aminoácidos que constituem nossos músculos.

Ao suplementar BCCA à dieta, principalmente antes do treino, há uma tentativa de suprimir essa demanda, evitando a captação deles nos músculos e promovendo um estado mais anabólico, podendo acelerar o processo de recuperação. Os BCAAs podem ser utilizados para recuperação mais rápida e eficiente entre treinos e competições seguidas, e sua ação parece ser potencializada com a inclusão de glutamina, porém, mais estudos ainda são necessários para comprovação dos efeitos dos BCAAs citados no texto.
Sabe-se que o BCAA possui um papel no processo de destoxificação corporal, que ocorre 60% no fígado e 20% no intestino, além de outros tecidos.

E fique atento! Consulte sempre seu Nutricionista Esportivo antes utilizar qualquer suplemento.

*Nutricionista paulistana formada em 2001, Priscila Di Ciero é especialista em nutrição esportiva, com cursos de extensão em nutrição funcional, estética e suplementação. É membro do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira. Atualmente, presta consultoria a restaurantes, escolas e empresas, além de atender em consultório e, quando necessário, nas residências dos clientes. Acesse o site: www.prisciladiciero.com.br