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Qual quantidade de proteína o corredor deve ingerir?

Atualizado em 20 de setembro de 2016
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Um novo estudo do cientista Daniel Moore, da Universidade de Toronto, em parceria com a Ajinomoto, do Japão, apresentado no encontro anual do American College of Sports Medicine, em Boston, no início de junho deste ano, oferece contribuições para um entendimento mais adequado acerca da quantidade de proteína que um corredor de longas distâncias deve consumir.

A utilização de uma nova técnica, chamada “indicador de oxidação de aminoácidos”, que é capaz de mensurar quantidades de proteínas usadas, alicerça o estudo. Os aminoácidos são “etiquetados” com um isótopo de carbono que os marca em seu percurso pelo corpo.

As “cobaias” do estudo foram seis corredores que percorreram distâncias semanais situadas entre 30 e 80 milhas (48,2 e 128,7 km). Num período de três dias, eles se submeteram a uma dieta-padrão e correram 10 km no primeiro dia, 5 km no segundo e um contrarrelógio de 20 km no terceiro dia.

Após a prova desse dia derradeiro, eles ingeriram uma quantidade aleatoriamente atribuída de proteínas (cada corredor repetiu o protocolo inteiro) por sete vezes com o tracejador de aminoácidos. Analisando-se o padrão do aminoácido marcado ao longo dos experimentos, os pesquisadores puderam concluir quais doses de proteína foram suficientes para suprir as necessidades corporais.

 

 

Os resultados apontam que a quantidade necessária era 1,65 grama de proteína por quilo de peso para oferecer a quantidade de aminoácidos capaz de reparar músculos e proporcionar a síntese de tecidos musculares. A porção recomendada, com base nesse trabalho, seria de 1,8 grama por quilo ao dia. É mais do que a quantidade recomendada em dietas para não atletas, de 0,8 g/quilo/dia.

Por que atletas que necessitam de resistência precisam de mais proteína? Uma possibilidade é que eles estão realizando queimas durante a corrida: estudos prévios sugerem que cerca de 5% da energia queimada durante o exercício provém da oxidação da proteína, e que esse percentual pode dobrar se os seus músculos estiverem com déficit de glicogênio (o que ocorreu ao final desse contrarrelógio de 20 km). Isso corresponderia a uma necessidade adicional de 0,2g/quilo/dia segundo o estudo.

A proteína é necessária para reparar e remodelar tecidos – não apenas os dos músculos diretamente envolvidos no esforço de correr, mas também outras regiões do corpo que “sofrem”, como os intestinos. Por falar nisso, atividades de alto impacto como a corrida criam necessidade de ingestão de proteínas superior em comparação com atividades de baixo impacto, como ciclismo (em terrenos uniformes) ou natação.

Estaria então você defasado em proteínas? Provavelmente não. Uma dieta comum num brasileiro relativamente bem alimentado de classe média pressupõe mais que aquilo, e corredores de longas distâncias normalmente ingerem bem mais simplesmente porque têm mais fome. Isto posto, há alguns corredores que caem matando sobre carboidratos (ou, pior, gordura) e negligenciam a necessidade proteica. Fique atento!