Alopecia areata: especialista explica a doença autoimune

Atualizado em 01 de dezembro de 2023

O que é uma doença autoimune? De forma resumida, as doenças autoimunes são causadas pelo mau funcionamento do sistema imunológico, que passa a atacar células do próprio corpo. A alopecia areata é um exemplo de doença autoimune, na maior parte dos casos, ela provoca uma queda localizada de cabelos, o paciente tem perda em partes do couro, geralmente em círculos. Mas a alopecia areata também pode ser universal, ou seja, faz cair absolutamente todos os pelos do corpo, incluindo cabelos, cílios e até sobrancelhas.

Segundo a especialista em medicina capilar Patrícia Marques, a boa notícia é que a alopecia areata não é cicatricial, ou seja, o bulbo capilar não sofre fibrose, e por isso, mesmo após décadas do início da doença, os pelos podem voltar a crescer com tratamento. “Essa situação é diferente da calvície, por exemplo, onde o pelo acaba perdido, ou da alopecia frontal fibrosante, que também não tem como recuperar os fios”, conta.

O que a ciência já sabe

Alopecia é o nome que se dá à queda de cabelo e a forma areata é uma das mais comuns, só fica atrás da androgenética e do eflúvio telógeno. Existe uma predisposição genética para a doença e o fator emocional pode funcionar como um gatilho para o seu aparecimento. Geralmente é uma doença crônica porque as recaídas são bastante comuns, a pessoa trata, melhora, mas pode haver reincidências.

A alopecia areata não tem prevalência de sexo, afeta tanto homens quanto mulheres na mesma proporção, enquanto a maioria das doenças autoimunes afeta mais as mulheres. “Quase sempre, a alopecia areata acomete pessoas jovens, não é comum em crianças. Na maior parte dos casos, aparece entre 20 e 30 anos e frequentemente está associada a outras doenças autoimunes, como o vitiligo ou a Doença de Hashimoto, da tireoide”, explica Marques.

Tipos

A mais comum é uma placa oval única, mas há a forma de placas múltiplas, a totalis, em que a pessoa fica careca, mas com sobrancelha, cílios e pelos corporais, e a universal, que faz cair todos os cabelos e pelos do corpo. Existe também a forma difusa, que pode se confundir com outras doenças e é de difícil diagnóstico.

Tratamentos e uma nova esperança

Nas formas mais comuns de placas, o tratamento é tópico, ou seja, com medicamentos aplicados na região acometida, apenas. Mas nas outras formas de apresentação, o tratamento deve ser via oral – já que fica difícil passar algum produto no corpo inteiro ou na cabeça toda. Os medicamentos mais utilizados são o Minoxidil e corticóides em injeções tópicas. A maior parte dos casos responde bem ao tratamento e os cabelos voltam a crescer, porém isso não é regra.

Para os casos mais graves, a esperança está em uma nova classe de medicamentos desenvolvida há pouco, chamados de inibidores da JAK (sigla para a enzima Janus Associated Kinases). Eles são imunomoduladores, ou seja, agem diminuindo a resposta autoimune do corpo em relação ao pelo.

Recentemente a Anvisa aprovou um novo medicamento dessa classe, o Baricitinibe, que promete diminuir a inflamação no folículo e, com isso, os fios voltam a crescer. “O grande problema é que geralmente são remédios muito caros, então o acesso fica restrito, sendo necessário entrar com medidas judiciais ou na fila de tratamentos de alto custo. O valor é algo que ainda limita bastante, apesar de ser um medicamento que está dentro do que existe de mais moderno”, conclui a tricologista.