Como vencer o medo de águas abertas e turvas no triathlon?

Atualizado em 20 de setembro de 2016
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Nadar em águas abertas talvez seja o maior desafio para que nosso esporte se popularize. O medo de águas abertas, turvas e escuras em especial, deixa de fora muitos atletas de provas importantes. A boa notícia é que você pode controlar sua mente para vencer essa fobia, basta se esforçar.

O triatleta profissional Chicão Ferreira, um dos melhores nadadores do Triathlon nacional é um desses atletas. Ele conta que a principal estratégia para se tranquilizar é nadar com mais atletas perto e com caiaques, o que o deixa bem mais tranquilo. “Procuro não pensar no que pode surgir debaixo da água. Procuro focar na prova”, conta o atleta que já o primeiro a sair da água no Ironman Florianópolis.

Vale ressaltar que os ataques de qualquer a nadadores são extremamente raros, especialmente em provas. Sejam tubarões, piranhas ou jacarés, os animais costumam se assustar muito mais com a massa de atletas, o que os afugenta. Mesmo em provas extremas, como o XTerra Amazônia, que teve a natação no meio da selva, não há registros de incidentes.

Uma técnica muito comum para manter o foco é concentrar em 20 ou 30 braçadas, ao invés de pensar na boia ou no percurso inteiro. Muitos atletas gostam de imaginar que estão fazendo trabalhos de técnica durante a prova, assim se concentram tanto em seus movimentos que se esquecem do medo.

Todos que resolvem se inscrever em uma competição de Triathlon já sabem nadar. O trabalho foi feito na piscina e só precisa ser repetido na competição. Treinar em águas abertas ajuda e muito a superar qualquer ansiedade. Comece com 200m, 400m, 600m e vá ganhando confiança que você conseguirá completar o percurso e que não há nenhum perigo lá.

Há relatos de atletas que conseguiram superar seus medos treinando algumas séries com olhos vendados na piscina. Basta pintar o interior de um óculos velho de forma que você não veja nada e fazer algumas séries na piscina para ir se acostumando à sensação de nadar “no escuro”. Lembre-se de contar suas braçadas para bater na parede (ou peça seu treinador para avisar). Esse treino também pode ser feito com outros atletas na mesma raia, assim é possível simular algumas situações de prova, como alguém tocando o seu pé.

Muitos iniciantes acham um absurdo alguém encostar no seu pé durante a natação, mas isso é a coisa mais normal do mundo. Treine isso na piscina, nadando com alguns amigos na mesma raia. Jamais chute a mão do atleta que encosta no seu pé, você pode machuca-lo e tira-lo da prova. Ao se acostumar a ser tocado durante os treinos, você terá muito mais facilidade durante as provas. Caso não queira ser tocado, saia do grupo e nade sozinho, mas lembre-se que essa é a pior estratégia, pois você perderá a esteira dos atletas (o “vácuo” na natação).

Treinar em águas abertas de forma progressiva e constante também o faz perder o medo de não ter onde apoiar caso fique cansado. Muitas pessoas se afogam em desastres de embarcações não porque não sabem nadar, mas porque se desesperam e acabam gastando energia demais. Boiar e fazer um palmateio na água é um habilidade básica que pode ser desenvolvida na piscina, de preferência onde não dê pé para o nadador. Avise seu treinador para manter a segurança e solte seu corpo na água veja como ele se comporta, você ficará surpreso, afinal não afundamos totalmente. Quanto mais relaxado, mais fácil é boiar.

Por fim, lembre-se que você sempre terá caiaques e salva-vidas em provas, assim, não há com se preocupar além de sua técnica e seu ritmo. Se você conseguir nadar na esteira terá que prestar atenção ainda no atleta da frente, o que ajuda a aliviar a ansiedade. Na primeira vez não será muito fácil, mas logo você se acostuma. Por pior que pareça, enfrentar seus medos é infinitamente melhor do que ganhar um DNF (Did Not Finish – Não completou) em seu currículo.

Bons treinos