Omius, a revolução tecnológica que subiu à cabeça dos triatletas

Atualizado em 03 de abril de 2020
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O alerta de um colega de um site espanhol especializado em triatlhon trouxe de volta à memória algumas imagens daquelas que, como um raio captam nossa atenção, mas, como a chuva no asfalto, logo depois se evaporam. “Você sabe do que se trata a faixa Omius?” Juanjo nos perguntou. E é claro que sabíamos, mas esse acessório curioso se perdeu no caminho desde o último Mundial de Ironman, em outubro de 2019, em Kona, até os dias atuais.

A verdade é que no Havaí, além das notáveis vitórias de Jan Frodeno e Anne Haug, os que acompanharam a transmissão ao vivo do evento se depararam com um acessório chamativo, estranho e brilhante que muitos dos melhores triatletas do mundo usavam na cabeça,entre eles figuravam a própria ganhadora Haug, Lucy Charles, Timothy O’Donell e Sebastian Kienle.

O retorno à competição em 2020, atualmente interrompida por razões da epidemia do coronavírus, parece ter marcado o uso massivo da faixa Omius, já que vimos alguns dos triatletas brasileiros mais reconhecidos usando o acessório, como o amador Rafael Brandão, que venceu o Ironman 70.3 Bariloche usando a coroa brilhante, e também o profissional Fernando Toldi, que venceu o GP Extreme dias atrás.

Mas antes que alguns dos melhores atletas do país usassem a Omius Band em suas competições, obtendo performances incríveis, fizemos um teste no Triathlon Internacional de Santos, em que as temperaturas altas serviram como um desafio perfeito para entender quão bem funciona essa invenção revolucionária dentro do esporte de alta performance.

No entanto, é necessário explicar previamente o que é a faixa Omius, de onde vem e quais são suas principais funções. Para isso, conversamos com Gustavo Cadena, o cérebro e criador dessa tecnologia que ajuda atletas de alto rendimento em temperaturas extremas.

“A visibilidade que tivemos em Kona foi impressionante. Tivemos que aumentar nossa produção em três vezes e ainda não conseguimos lidar com o volume de pedidos, tivemos que remarcar algumas entregas ”, explicou o mexicano, que estudou Engenharia Física no Tecnológico de Monterrey, onde mora, e começou a melhorar a Omius Band no inverno rigoroso da França em 2013, quando fazia um mestrado em energia.

Desde um protótipo de colete refrigerador – que nenhuma costureira queria fazer por desconfiar que essa peça era uma arma terrorista -, até a faixa, essa que tanto sonhou enquanto sofria com o calor enquanto praticava esportes ou simplesmente se transportava de um lugar a outro por Veracruz e Monterrey, onde ele morava, foram horas de dedicação ao projeto.

Livros inteiros lidos, tentativa e erro, vários protótipos jogados no lixo até conseguir o produto final hoje conhecido, que ainda tenta melhorar ou personalizar devido à excelente aceitação dos triatletas em todo o mundo .

Atualmente, a faixa Omius conduz calor 4.000 vezes melhor que um tecido normal. O efeito de resfriamento é otimizado quando o calor flui pelo material do acessório e dura enquanto o material estiver umedecido, tornando necessário molhá-lo periodicamente durante nossos treinos ou competições.

O produto que a Omius tem em mãos parece marcar um antes e um depois na história em termos de adaptação da pele à temperatura ambiente predominante, o que não é menos revolucionário que os sapatos com placa de fibra de carbono na sola, por mencionar algo que todos já conhece na atualidade.

A ideia de ser uma faixa para a cabeça se deve a sua proximidade com o cérebro, de onde a regulação térmica do resto do corpo é “comandada”. Além disso, a testa é um local de grande concentração de suor por unidade de área, que possui um grande fluxo de sangue superficial e um bom número de sensores térmicos que influenciam a percepção da temperatura. No entanto, alguns atletas, como Sebastian Kienle, já usaram o acessório no antebraço; Anne Haug em volta do pescoço, Lucy Charles acoplou seu patrocinador e Tim O’Donnell usava nas costas, quase na nuca.

Em nossa prova de campo, usamos a Omius Band na etapa de 10 quilômetros da corrida do Internacional de Santos, sob uma temperatura de quase 30 graus. Como experiência pessoal, o efeito da banda começou a ser sentido após os primeiros dois quilômetros, quando ela estava perfeitamente molhada.

Assim, alcançamos um equilíbrio que nos deu a confiança necessária para enfrentar a última etapa da competição sem grandes problemas. No entanto, era essencial umedecê-la para sentir cada vez mais seu efeito em nossa percepção do calor. Ainda mais em um dia ensolarado como o que tivemos na clássica prova do litoral paulista.

A faixa de resfriamento, produzida no México, pode ser comprada no site da Omius ao preço de 139 dólares, com frete para todo o mundo. Atualmente, existem muitos triatletas profissionais que pedem o acessório personalizado com seus patrocinadores, ou não, para melhorar seu desempenho. Muitos amadores também estão experimentando a faixa, que, cada vez mais, ganha terreno no esporte de alto desempenho. Então, da próxima vez que você vir um atleta correndo com um colar de pérolas na cabeça, já saberá do que se trata.

*Por Federico Cornalli