Por que mulheres sofrem mais lesões que homens? Entenda

Atualizado em 06 de março de 2024

A cada dia que passa a presença das mulheres nas quadras, campos de futebol e pistas de corrida aumenta bastante. A crescente na prática esportiva trouxe maior exposição e, consequentemente, lesões para o sexo feminino. Estudos publicados nos últimos 20 anos mostram que as mulheres não estão apenas se lesionando, mas o fazem em taxas absurdamente maiores que os homens. Mas, por que isso acontece? A ciência tenta explicar com três teorias:

Neuromuscular

Atletas mulheres exibiriam um tempo de recrutamento de grupos musculares e um tempo de ativação maior do que os observados em homens – o que poderia afetar a dinâmica de diversas articulações, principalmente as do joelho. Em uma aterrissagem de vôlei ou passadas de corrida, o comando cerebral pode chegar atrasado, fazendo com que as articulações estejam mal posicionadas e em maior risco de lesão.

Anatômica

No quadril, a bacia mais larga da mulher aumenta o braço de alavanca sobre os músculos rotadores, especialmente os glúteos médio e mínimo, predispondo a bursite e tendinites trocânterica. Já no joelho, a patela alta, junto com o sulco troclear raso (trilho por onde desliza a patela na hora que se flexiona o joelho) seriam responsáveis por um contato reduzido entre a patela e o fêmur, levando a doenças causadas por pressão excessiva na cartilagem articular – como condromalácia, síndrome da hiperpressão lateral e hoffite do joelho. O tamanho e espessura reduzidos dos ligamentos do joelho e tornozelo colocariam essas articulações em risco.

O eixo dos membros inferiores, ou seja, o formato das pernas, tende a ser em X, conhecido como joelho valgo ou genu valgum. Isso seria um fator de maior lateralização da patela, predispondo às doenças do joelho descritas acima, além de causar sobrecarga medial das tíbias, levando à canelite e fraturas de estresse.

Hormonal

Identificou-se receptores do hormônio relaxina, sintetizado na fase ovulatória e intensificada na gestação. Estudos mostram que esse hormônio, que apresenta função de afrouxar os ligamentos do corpo feminino, reduza a síntese de colágeno dos ligamentos da mulher em mais de 40% comparado com os ligamentos dos homens. Os níveis de estrogênio no sangue também estariam ligados à resposta neuromuscular. O índice de lesões nas diferentes fases do ciclos menstrual mostram que a mulher se lesiona mais durante a menstruação. De acordo com um estudo, atletas que tomam contraceptivos orais tiveram uma taxa significativamente menor de lesões do que jogadoras que não tomam.

Além dos fatores mencionados, a fadiga muscular também seria apontada como um fator para lesão. Essa fadiga, ocasionada pelas forças de reação do solo, cinemática das extremidades inferiores e ativação muscular, pode causar um atraso da ativação dos músculos isquiotibiais.