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Ultramaratonistas usam maconha para aumentar performance, diz pesquisa

Atualizado em 09 de agosto de 2018
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O uso da cannabis não costuma estar relacionado a hábitos de atletas. Entretanto, segundo pesquisa recente feita nos Estados Unidos, ultramaratonistas usam maconha para melhorar a performance e aumentar a resistência nos treinos e provas de longa distância.

Não é novidade, principalmente em países onde a maconha é legalizada, que atletas têm falado abertamente sobre o consumo da planta. Desde jogadores profissionais de hóquei até corredores de elite, muitos já se declararam usuários, mais frequentemente para aliviar a dor e melhorar o foco do que para ganhar vantagem em desempenho. 

Pesquisa on-line: ultramaratonistas usam maconha para competições

Ela foi desenvolvida e distribuída a potenciais participantes por meio dos sites Ultrasignup e Western Endurance Run Facebook. O resultado: entre os que responderam, 8,4% dos 609 ultramaratonistas usam maconha durante competição ou treinamento. Canabinoides, narcóticos e estimulantes foram as substâncias mais relatadas.

Segundo a pesquisa, ainda falta entender a extensão exata do uso de substâncias para melhorar o desempenho em corridas de longa distância. 

Muitos corredores também relatam o uso de produtos com canabidiol, ou CBD, um componente não-psicoativo da maconha que demonstrou ter propriedades anti-inflamatórias e para recuperação. Além dos potenciais anti-inflamatórios, o CBD também se ligou aos receptores de serotonina, o que pode estar relacionado ao seu efeito como agente antiansiedade.

Uso recreativo

Uma outra pesquisa de 2016 mostrou que a maconha é a segunda substância mais consumida por atletas, atrás apenas do álcool. Neste caso, o uso é recreacional, não para aumentar a performance ou promover ganhos esportivos. 

Outros estudos

Uma revisão de 2017, publicada no Journal of Science and Medicine in Sport, apontou que apenas 15 estudos investigaram os efeitos da maconha e do seu principal ingrediente psicoativo, o THC, na performance de atletas.  E segundo Michael C. Kennedy, cardiologista, farmacologista clínico e professor associado da Universidade de New South Wales e St. Vincent’s Medical School, que conduziu a revisão, o THC não é um componente que melhora o desempenho aeróbio e a força.

Para ele, maconha não ajuda na recuperação nem melhora a concentração. Mas do ponto de vista fisiológico, a relação entre o uso de maconha e a corrida faz algum sentido. Tem os mesmos “caminhos” dentro do cérebro, o tal high do corredor e o high do THC. “Ambos envolvem a ativação do sistema endocanabinoide, portanto, não é de surpreender que o THC possa ser usado para melhorar a alta do corredor obtida com o exercício de resistência”, explicou o especialista.