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Viagem à vista! E agora, como manter os treinos?

Quem de nós, triatletas, já não se deparou com uma situação assim. Estar treinando firme, focado, no meio daquele bloco específico de treinos ou no período de preparação específica com a competição se aproximando, e de repente aparece uma viagem. Independentemente de ser a lazer ou a trabalho, bate um certo desespero, não é? Da para treinar em viagens?

“E agora? O que eu faço? Vou perdeu meu condicionamento! Vou piorar!”

Primeiro, comunique seu treinador sobre essa viagem para que ele possa analisar o seu planejamento e pensar numa estratégia de treinos. É nesse momento que toda a expertise dele fará a diferença. Forneça a maior quantidade de informações e detalhes possíveis.

Informações para adaptar o treinamento em viagens

  • Período em que estará viajando
  • Data de ida e de retorno
  • Duração da viagem (tempo de voo, ou de ônibus, ou dirigindo)
  • Local (país e cidade)
  • Diferença de fuso horário (se houver)
  • Disponibilidade para treinar (quantos dias e quantas horas por dia).

Depois, procure saber se terá acesso a uma academia, se haverá alguma piscina ou praia nas imediações, assim como parques e ruas tranquilas e seguras.

Ou seja, faça um levantamento de toda infraestrutura que terá disponível (ou não) para realizar seus treinos durante o período da viagem.

Como treinar em viagens

Natação

Munido de todas essas informações, é possível, agora, pensar nos treinos por modalidade. De um modo geral, sempre acaba sendo mais difícil manter os treinos de natação. Ou não há piscinas de fácil acesso, ou a piscina é muito pequena, ou é uma mera piscina recreativa.

Nesses casos, o treinador tem que ser criativo, porém coerente e específico, na prescrição dos treinos. Se a piscina tiver, no mínimo, 15 metros, as sessões de treino estão garantidas. Apenas alguns ajustes nas séries e o atleta consegue treinar numa boa.

Mas se a metragem for menor, podemos realizar treinos de natação estacionária, que consiste em amarrar um extensor (cordinha de borracha) na cintura do atleta e ancorar a outra ponta em algum local da borda.

Assim é possível nadar “parado”, realizando séries por tempo. Caso não haja piscina, considere realizar treinos fora d’água com o rubber band ou borrachinha. São, basicamente, treinos de força (resistência de força e/ou potência) e mobilidade, em que o atleta realizará movimentos que imitam o nado.

Nesse caso, pode-se prescrever séries por número de repetições ou por tempo. Se o atleta ainda tiver acesso a uma academia, trabalhos complementares de força geral e de core são muito bem-vindos.

Ciclismo

Nem sempre o atleta tem acesso a uma bike para treinar ciclismo em ruas, parques ou estradas da região. Se o atleta consegue levar a bike e o rolo treinador, o que é muito raro haja vista o volume de todo esse equipamento, qualquer meia hora livre se transforma em meia hora de treino de qualidade.

Mas isso não é o usual. Na maioria das vezes, o que o atleta consegue é ter acesso a uma academia. E nesse caso, as bikes de spinning atendem a necessidade, uma vez que é possível prescrever sessões de treinos bem especificas.

Já as bikes ergométricas, dependendo do modelo, até permitem algum tipo de treino em viagens, mas somente para que o atleta mantenha o condicionamento aeróbio e não perca contato com o esporte (gesto motor). A ergonomia desses equipamentos nem sempre é adequada e específica para treino mais avançado.

Da mesma forma que na natação, tendo acesso à academia, o atleta ainda pode realizar treinos de força geral e específica.

Corrida

A corrida, na maioria das vezes, é a modalidade menos prejudicada quando o atleta está viajando. Por motivos óbvios, tênis, calção e camiseta vão até na bagagem de mão, se for o caso.

Além dessa facilidade, há as ruas, os parques, e as esteiras das academias. O atleta só tem que escolher onde irá correr. Os treinos complementares de força também podem estar presentes na rotina de treino.

Treino combinado

Outra possibilidade é o coach programar treinos combinados (nos moldes de cross-training) e treinos de transição indoor. O atleta pode fazer séries de spinning seguidas de corrida em esteira, ou natação seguida de spinning, ou até mesmo as três modalidades (natação, ciclismo e corrida) em séries por tempos reduzidos.

Ainda é possível trabalhar força seguida de um esporte em treinos em viagens, por exemplo. Exercícios para membros inferiores (afundos, agachamentos e leg press, por exemplo) e séries de abdominal/core, seguidos de séries intervaladas de corrida (na esteira) e/ou de bike (spinning).

Para o treinador, o maior desafio não é só manter seu atleta treinando durante a viagem, mas manter a qualidade e a especificidade dos treinos, trabalhar volume e frequência das sessões, e seguir a intensidade dos estímulos adequada ao período em que o atleta se encontra dentro do planejamento.

Em qualquer situação de viagem, o coach ainda pode prescrever exercícios de alongamento, de mobilidade e de estabilização, exercícios para fortalecimento do core, e exercícios que utilizam o peso do próprio corpo (força geral), que o atleta consegue realizar em qualquer espaço livre, até mesmo no quarto do hotel.

Também é interessante que o atleta leve para viagem um pequeno kit contendo rolinho para liberação miofascial, mini-bands e fitas elásticas, que podem ser de grande utilidade quando as possibilidades de treino se tornam reduzidas.

Definitivamente, atletas de endurance têm que ter em mente que, durante uma viagem, o objetivo do treino é minimizar perdas e dar manutenção no condicionamento aeróbio e muscular, e de forma mais específica possível.

Bons treinos e até a próxima!

Rogério Carvalho

Mestre em estudos do esporte pela EEFE-USP, especialista em treinamento desportivo, treinador certificado pela Ironman University e Head Coach da Endurance Sports Coaching Brasil. Também é triatleta desde 1993 - competiu em todas as distâncias: Ironman (inclusive Porto Seguro 2000), Ironman 70.3, olímpico e short triathlons.

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