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Conhece o 'coração de atleta'?

Atualizado em 10 de julho de 2023

Você já ouviu falar no “coração de atleta”?  Trata-se de uma adaptação fisiológica do coração ao treinamento físico: o músculo cardíaco sofre alterações estruturais e funcionais benignas à medida que ele é mais solicitado em uma atividade intensa.

Se seu coração é exigido com frequência quase diária e por uma duração média acima de uma hora, são boas as chances de ele crescer. Exercícios aeróbicos e cíclicos, como por exemplo, corridas de longa distância, ciclismo, nataçãotriathlon, remo e futebol, são apontados como os mais comuns na lista dos que provocam o “coração de atleta”.

Na prática destas atividades o coração realmente cresce, embora não aconteça de um dia para o outro. Uma das alterações mais comuns o aumento da espessura da parede do coração, conhecido como hipertrofia do músculo cardíaco. Essa adaptação é acompanhada da dilatação da cavidade do coração, especialmente do ventrículo esquerdo, que já é mais espesso por ser responsável por bombear sangue para praticamente todo o corpo.

Geralmente, essa hipertrofia se dá de maneira simétrica no coração de atleta. Nos casos de cardiopatias, o resultado costuma ser diferente, promovendo crescimentos assimétricos relacionados a doenças que podem levar à morte súbita. É importante destacar também que o coração de atleta mantém suas funcionalidades intactas. Na verdade, ele é até mais eficiente do que o coração de uma pessoa sedentária, por exemplo.

“O coração de atleta é muito mais eficiente porque é uma adaptação que precisa ser feita para melhorar a performance. O coração tem um batimento mais eficiente, com maior volume de sangue bombeado e menor quantidade de batimentos cardíacos por minuto”, explica Nabil Ghorayeb, cardiologista e médico do esporte do HCor (Hospital do Coração).

Essa característica, inclusive, é a responsável por uma das adaptações fisiológicas mais comuns no “coração de atleta”, chamada bradicardia, que define quando os batimentos cardíacos são inferiores a 60 por minuto em repouso. Como esse coração é mais eficiente, ele precisa bater menos vezes para transportar o sangue necessário aos músculos e demais órgãos. “E o coração bate mais lentamente também para o atleta não atingir seu limite durante uma atividade esportiva”, complementa Ghorayeb, citando outra vantagem.

No entanto, como algumas dessas características também podem estar relacionadas a doenças cardíacas, diagnósticos errados confundindo coração de atleta e cardiopatias são comuns, segundo o cardiologista. “É muito difícil dizer se as adaptações indicam ou não uma doença, por isso é preciso fazer vários exames, levantar o histórico esportivo do atleta, saber quais modalidades ele pratica.”

Há, também, casos em que uma pessoa tenha o coração de atleta por praticar esportes e, ainda assim, apresente alguma cardiopatia. Por isso, se uma pessoa tiver algum desses sintomas (falta de ar muito forte, arritmias, tonturas, dor no peito ou desmaio) durante a prática esportiva, deve interrompê-la imediatamente e procurar um cardiologista, de preferência ligado à área dos esportes. Uma recomendação comum orientada por médicos em casos de suspeitas de cardiopatias é fazer um período de repouso, sem nenhum tipo de atividade, como por exemplo o destreino, onde as adaptações fisiológicas do coração de atleta regridem.

Além disso, alguns exames também são indicados, pois podem confirmar que os sintomas eram apenas alterações benignas resultantes do exercício. Confira na imagem abaixo: